O deputado federal e presidente da Fundação Teotônio Vilela, Pedro Cunha Lima (PSDB), intermediou, nesta terça-feira (1º), um debate sobre o uso da cannabis para fins medicinais em uma nova edição dos ‘Diálogos pelo Brasil’, realizados pela Fundação. As discussões contaram com as presenças do diretor executivo e fundador da Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (Abrace), Cassiano Teixeira, e de Raul Alexandre, colaborador da Abrace. Hoje quase 2 milhões de brasileiros dependem dos medicamentos que têm a maconha como princípio ativo.
Durante o debate, Pedro destacou o fato dos pesquisadores brasileiros ainda não terem acesso a cannabis para fomentar as pesquisas nessa área. “É preciso acabar com o preconceito e isso terá um fim quando as pessoas passarem a conhecer os benefícios que a cannabis faz na vida de milhares de pessoas. Por isso estamos promovendo essa discussão, para mostrar exemplos e histórias de superações com o uso desse medicamento”, disse.
Cassiano Teixeira destacou que o uso da cannabis, no início, era feito apenas por pessoas com epilepsia de difícil controle, mas hoje portadores de diversas doenças fazem o uso da cannabis, a exemplo do Alzheimer. De acordo com ele, são 55 milhões de pessoas com doenças intratáveis, que já testaram todos os tratamentos com diversos outros medicamentos e que não deram certo. “Essas pessoas conseguiram um alívio nas suas doenças com a utilização da cannabis”, revelou.
Como exemplo de superação, Raul falou do caso do seu filho que tinha crises constantes de epilepsia e que os remédios comerciais não resolviam. “O nosso drama já começou no diagnóstico. Depois disso, encontramos o conforto no uso do cannabis que deu qualidade de vida para meu filho. Hoje lutamos contra o preconceito, mas tudo isso é superado pelo bem estar do meu filho. Temos um motivo maior para seguir”, afirmou.
O deputado Pedro ainda defendeu a aprovação com urgência do Projeto de Lei 399/15 que permite a comercialização no território nacional de medicamentos que contenham extratos, substratos ou partes da planta Cannabis Sativa, popularmente chamada de maconha, ou substâncias canabinoides (derivadas da Cannabis) em sua formulação. Ainda em 2017, a Anvisa reconheceu oficialmente a maconha como uma planta medicinal, incluindo a Cannabis sativa no código farmacêutico brasileiro.
“A cannabis foi uma das causas que mais me comoveu, não apenas pelo drama, mas pela maneira de como o drama se manifesta no sentido de haver um preconceito medieval, uma visão atrasada. E por conta disso, se nega o acesso a um medicamento. Temos que enfrentar um preconceito evidente na sociedade e também as barreiras em termos de acesso para que possamos salvar vidas”, defendeu Pedro.
