Uma pesquisa realizada pelo ‘DataPoder360’ apontou que 76% dos brasileiros acreditam que há preconceito contra negros no Brasil por conta da cor da pele, mas ainda assim 12% declara não haver racismo no país. Com mais de 56% da população declarada negra no Brasil, o país continua tendo diariamente situações de racismo e muitas ocorrências não chegam sequer a ser registradas. Para dar visibilidade e direcionamento para que casos não sejam mais silenciadas, a deputada estadual Camila Toscano (PSDB) apresentou requerimento na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) para que seja criada uma Delegacia de Combate ao Racismo no estado.
Camila ressalta a existência do racismo institucional e estrutural, que além de silenciar muitas vítimas, acaba segregando as pessoas, promovendo a exclusão, ainda que de forma velada e inserido em práticas, hábitos, situações e falas. “Assim como a Delegacia da Mulher, a Paraíba precisa ter uma delegacia voltada para os casos de racismo, onde a equipe esteja preparada para ouvir as vítimas, dar o atendimento e atenção necessários e tratar com respeito a luta pela igualdade”, destacou.
O documento pede que a solicitação seja encaminhada ao secretário de Segurança e da Defesa Social, Jean Francisco Nunes, para que tome conhecimento e adote medidas para a instalação da unidade.
Para a parlamentar, o caso de George Floyd, americano negro que foi assassinado por policiais durante uma abordagem, mostra a importância de falar sobre o racismo e combatê-lo na sociedade. Ela acredita que é necessário lutar contra o preconceito de forma efetiva e através de medidas que garantam não só a inclusão, mas o acolhimento e o amparo para as pessoas que sofrem ataques racistas. “Vivemos em uma sociedade racista que, por vezes mascara o preconceito e dessa forma, muitos são desencorajados a relatar situações de preconceito e intolerância. O racismo mata e se nos calarmos diante disso, muitas pessoas ainda morrerão por não serem ouvidas”, analisa.
Dados
Conforme o Atlas da Violência, em 2018, 75,5% das vítimas de homicídios eram negras, enquanto a taxa de pessoas brancas, amarelas ou indígenas assassinadas no mesmo período foi de 13,9%. Ainda segundo o Atlas, os estados que concentraram as maiores taxas de homicídios contra pessoas negras pertencem às regiões Norte e Nordeste.