Capivaras ganham destaque nas cidades, mas ainda são animais silvestres: saiba como agir - André Gomes
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Capivaras ganham destaque nas cidades, mas ainda são animais silvestres: saiba como agir

Elas conquistaram as redes sociais com sua expressão tranquila e comportamento pacato. São alvos de memes e apelidadas carinhosamente de “capivárias”, numa alusão bem-humorada à sua presença constante em bandos. Mas, apesar do carisma e da popularidade, as capivaras continuam sendo animais silvestres e merecem atenção e respeito, especialmente quando aparecem em áreas urbanas. Para orientar a população e prevenir acidentes, o Conselho Regional de Medicina Veterinária da Paraíba (CRMV-PB) e a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Paraíba (Semas) unem forças em uma campanha de conscientização sobre o convívio com esses roedores gigantes.

O sucesso das capivaras nas redes sociais está relacionado à maneira relaxada como convivem com a presença humana. Com mais de 30 quilos e um olhar muito engraçado, elas parecem não se importar com o que está ao redor. Isso cria uma conexão curiosa com as pessoas. No entanto, como alerta a médica-veterinária Lilian Eloy, que atua com animais silvestres, essa simpatia não deve ser confundida com domesticidade. “Capivaras não são pets. Elas precisam viver em grupo, em ambientes amplos e naturais, com acesso à água e vegetação. Criá-las em residências, além de ilegal, é extremamente prejudicial ao bem-estar do animal”, afirma. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) classifica a capivara como animal silvestre, o que proíbe sua criação doméstica.

A presença cada vez mais comum das capivaras em áreas urbanas não significa que estejam “invadindo” as cidades. Na verdade, como destaca o gerente executivo de Fauna Silvestre da Semas, Juan Mendonça, foram as cidades que avançaram sobre o habitat natural desses animais. “A urbanização e a proximidade com rios e córregos fazem com que esses roedores encontrem, nos parques e margens urbanas, um novo ambiente para viver”, pontua.

Além disso, a ausência de predadores naturais, como onças, e a oferta abundante de alimento (gramíneas, frutas, restos vegetais) tornam o ambiente urbano propício para a sobrevivência das capivaras. “Elas se adaptaram bem, são herbívoras e generalistas na alimentação. Mas isso não quer dizer que estão seguras. O contato com o homem pode trazer riscos à saúde dos animais e das pessoas”, alerta Lilian.

E quando encontro uma capivara? As capivaras são, em geral, pacíficas e sociáveis, mas continuam sendo animais selvagens. Ao encontrá-las em parques, ruas ou áreas próximas a córregos, a recomendação é não se aproximar, não tentar tocá-las e, muito menos, alimentá-las. “Alimentar animais silvestres pode estimular comportamentos dependentes e aumentar os riscos de acidentes. Além disso, não sabemos como a capivara pode reagir quando está doente ou com filhotes”, explica Lilian.

Caso o animal esteja ferido, o ideal é entrar em contato com o Batalhão da Polícia Ambiental, pelo telefone 190. “Nunca tente capturar ou tratar o animal por conta própria. Ferimentos expostos, comportamento letárgico ou isolado podem indicar doenças ou lesões graves que precisam de avaliação profissional”, reforça Juan.

Saúde pública e convivência segura – As capivaras também podem ser hospedeiras de parasitas como o carrapato-estrela, vetor da febre maculosa, uma doença grave que pode afetar seres humanos. “A simples presença do animal não representa um risco imediato, mas o desequilíbrio ambiental e a superpopulação podem favorecer a proliferação de vetores”, explica Lilian.

Patrimônio natural

As capivaras estão amplamente distribuídas pela América do Sul, inclusive em todo o território brasileiro, com exceção do Chile. Vivem em grupos, próximos a corpos d’água, e têm papel importante no ecossistema, ajudando na dispersão de sementes e na manutenção das áreas alagadas. Podem viver até 10 anos na natureza e mais em cativeiro, mas sempre em áreas amplas e em contato com outros membros da espécie.

“Mesmo que estejam perto das nossas casas, é importante lembrar que esses animais pertencem à natureza e não ao convívio doméstico. Devemos observá-los, respeitá-los e protegê-los, garantindo também a nossa segurança”, finaliza Juan Mendonça, acrescentando que se vir uma capivara ferida ou em situação de risco, não tente interagir: acione a Polícia Ambiental pelo número 190. Maltratar animais silvestres é crime ambiental, com pena prevista de detenção e multa.

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