A tendência global de mulheres adiando a maternidade para focar em suas carreiras está em alta. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que houve um crescimento de 63,6% no número de partos entre mães de 35 a 39 anos de idade entre 2009 e 2019. Na faixa etária de 40 a 44 anos, o aumento foi de 57%. Entre vários fatores comportamentais, a escolha pela maternidade após os 30 anos está ligada também aos avanços da ciência reprodutiva e à procura crescente pelo congelamento de óvulos.
Em resposta a essa mudança cultural, empresas brasileiras estão ajustando seus benefícios trabalhistas para apoiar e reter talentos femininos. Ao redor do mundo, grandes players do mercado já entenderam essa necessidade: A Meta (empresa dona do Facebook, Instagram e WhatsApp), desde julho de 2022, disponibiliza um programa vitalício para consultas e tratamentos relacionados à fertilidade, estendido a todos os funcionários e seus parceiros. “O suporte oferecido pelas empresas às suas colaboradoras influencia diretamente a decisão sobre o momento certo para ser mãe, beneficiando tanto as mulheres quanto as próprias organizações.”, argumenta a ginecologista e obstetra especialista em reprodução assistida Natália Fischer.
Afinal, qual o benefício do congelamento de óvulos?
A mulher já nasce com a reserva de óvulos que contempla toda a sua vida reprodutiva. A partir dos 35 anos, há uma queda abrupta na quantidade e qualidade desses óvulos. Mudanças hormonais e alterações na própria atividade das células reprodutivas ocasionam “erros” mais frequentes no processo de maturação e liberação dos óvulos, ou mesmo na futura formação do embrião a partir desses óvulos. O congelamento antes dos 35 anos é uma forma de “parar o tempo”.
“Os óvulos preservados antes dos 35 anos mantêm sua estrutura e características, ainda que passem vários anos congelados. O processo de vitrificação, isto é, o congelamento ultrarrápido, é seguro e eficaz”, explica Natália Fischer, que atua em reprodução assistida há cerca de 15 anos.”Essa preservação faz com que a mulher de 40 ou 45 anos, por exemplo, que vai usar seus óvulos congelados, tenha chances de gravidez semelhantes às que tinha aos 35 anos”, complementa.
A procura pelas técnicas de reprodução assistida para preservar a fertilidade para o futuro só tende a crescer. O mundo corporativo deve acompanhar esse movimento de evolução da sociedade. “A fertilidade é finita com o tempo, pois a idade realmente tem grande impacto. É preciso que haja cada vez mais consciência disso na sociedade como um todo, e que grandes empresas e setores entendam a importância de apoiar as mulheres com informações e medidas práticas para o seu planejamento reprodutivo”, conclui Fischer.
—
Natalia Fischer é médica especialista em Reprodução Humana e Fertilidade, atuante há 15 anos em Recife e em João Pessoa. Com formação pela UFPE, IMIP, e pelo Hospital de Valência, na Espanha, combina vasta experiência e conhecimento técnico para oferecer um tratamento sempre atual e personalizado. Seu propósito é conduzir famílias, com empatia e esperança, na jornada pela realização do sonho de um filho.