Memória afetiva - André Gomes
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Memória afetiva

Por Nice Almeida

Não é incrível como nossa mente, vez por outra, resgata memórias que você nem imagina, continuam ali guardadinhas? Nem sei o porquê, mas vinha eu sentindo o vento gostoso que entrava pela janela do ônibus e, de repente, assim, do nada, viajei no tempo!

Uma forte lembrança de um grande e especial amigo da adolescência se tornou tão viva aos olhos de minh’alma. Era como se tivesse me transportado para aquele instante da juventude.

Tínhamos 16 ou 17 anos, não saberei exatamente pontuar a idade certa. Recordo-me bem de como éramos impetuosos, aquele vigor da mocidade que nos faz achar que sabemos de tudo. Doce ilusão! Nem mesmo agora, 30 anos depois, ousamos conhecer todos os mistérios da vida.

Ele abriu as portas de sua casa para mim e me incluiu em sua família. E que família! Pessoas doces, serenas, não escondiam suas próprias dores, mas já enxergavam uma forma de olhar para elas sem ressentimento.

Lembrei de uma de suas irmãs me presenteando com o Evangelho Segundo o Espiritismo. Era a primeira vez, nesta encarnação, que eu olhava aquele livro que se tornaria tão importante em minha vida. E ela me deu com tanto amor, como se soubesse que um dia tudo seria diferente e eu usaria aquela obra para ministrar palestras e ousar falar sobre Jesus para tantas pessoas, mesmo sendo eu tão incapaz.

Achei meio complexo, naquela época. Eu não tinha muita intimidade com a linguagem e a edição, um tanto antiga, usava palavras rebuscadas, para além da minha capacidade intelectual, embora fosse eu, desde a infância, uma amante da boa leitura. Ah, eu era jovem! É importante frisar isso, não tinha como compreender muita coisa ainda.

E como uma lembrança vai puxando outra…

Como chorei no dia em que cheguei em casa e minha mãe havia jogado meu Evangelho no lixo. Tadinha! Ela também não era familiarizada com o Espiritismo e, à época, naquela cidade pequena do interior da Paraíba, havia muito preconceito. Eram muitas as vozes que a convenciam sobre ser o Espiritismo uma doutrina demoníaca.

Hoje ela sabe que não é, e até se orgulha de me ver palestrar, falar sobre a doutrina e, especialmente, sobre Jesus. Sim, o Mestre é a base, o alicerce do Espiritismo, que nos ensina a buscar uma reforma íntima que nos leve a amar o próximo assim como Jesus ama.

Mas, voltando ao meu amigo que, junto com sua família terna, me despertou para a Doutrina Espírita lá no passado, recentemente a “caixinha da fofoca”, o Instagram, nos fez nos reencontrarmos. Nossa! Nem me lembro quanto tempo fazia.

Ele viu um post meu sobre uma palestra que faria. Curtiu e comentou, e eu não desperdicei a oportunidade de agradecer o dia em que entrei naquela casa, naquela família e me despertei para a Doutrina Espírita. Ele respondeu com alegria, disse estar orgulhoso de me “ver no caminho certo”.

Lógico, eu não me tornei Espírita naquele período. Foram muitas as barreiras. O preconceito, já citado. A juventude controlada pelas regras familiares e da sociedade falso moralista, os conflitos internos de buscar o futuro incerto, e por aí vai, a lista é grande.

O fato é que tudo começou lá atrás, quando Alisson Lima, sua mãe Socorro e suas irmãs Ana Carla e Ana Cláudia plantaram essa semente em mim.

Por um tempo, não a reguei e a flor que dela nasceu murchou. Isso nem importa mais, só narro para que todos saibam que nunca é tarde demais para nada, principalmente, para conhecer verdadeiramente o Mestre, o Cristo, Jesus.

Naquela família, naquele livro – O Evangelho Segundo o Espiritismo – encontrei a chave que abriria uma imensa porta para o amor, para a renovação, para a regeneração. E, nesta relação, vem outra palavra não menos importante: gratidão!

Emano meu sentimento de mais profunda gratidão a essas pessoas que, por algum motivo, a memória foi buscar para que eu pudesse de público agradecer e desejar que eles estejam e sejam verdadeiramente felizes, os que aqui ainda se encontram e os que já retornaram ao plano do Espírito.

Chance também de dizer: Leiam o Evangelho! Esse é de longe o livro mais importante de nossas vidas.

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