Com base em argumentos construídos sob uma lógica muito pessoal, o jornalista João Paulo Medeiros, do Blog Pleno Poder, do Jornal da Paraíba, sentenciou em artigo publicado nesta quinta-feira, 22: o prefeito Romero Rodrigues errou ao não exonerar, por uma só canetada, os servidores listados na denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal no âmbito da Operação Famintos.
De fato, seria muito mais fácil e politicamente recomendável a Romero, com base nos manuais frios do poder,
pulverizar os servidores demonizados pelo MPF: passaria a imagem de um gestor implacável, incisivo e com tolerância zero à narrativa da corrupção.
A questão é que nem sempre o caminho mais fácil é o mais correto. Romero Rodrigues jamais optaria pela execração pública de auxiliares ou servidores apenas para ficar bem na fita.
Esse tipo de gesto dramático é bem recebido pos que gostam de ver o circo pegar fogo. Irrelevante que, para isso, sejam incineradas imagens, carreiras e histórias dos que sequer começaram a exercer o sagrado e amplo direito de defesa e do contraditório, como assegura a Constituição, não faz parte do padrão Romero de enfrentar problemas.
Como o oferecimento de uma denúncia pelo Ministério Público é apenas uma das etapas no âmbito do Poder Judiciário – não significando, por si só, a sumária condenação dos acusados – seria, no mímino, leviano da parte do prefeito sair demitindo, a torto e a direito, dilapidando reputações apenas por conveniência política.
Todos lembram – e isto foi registrado pelo próprio blogueiro que dita regras: tão logo foi deflagrada a Operação Famintos, Romero exonerou secretários e ocupantes de cargos comissionados, afastou servidores e determinou à toda sua equipe total e irrestrita colaboração com os órgãos de investigação.
Desta vez, nem o próprio MPF pediu o afastamento de quem quer que fosse – apenas se limitou a oferecer a denúncia com base no que acha consistente para transformar agentes públicos em réus, assim como aconteceu em relação ao núcleo empresarial.
A dois meses de encerrar seu segundo mandato e perder e sua caneta, Romero Rodrigues acha mais justo, ponderado e digno permitir que as instâncias funcionem, punindo culpados e exonerando inocentes da culpa.
Ele jamais se perdoaria se, daqui a alguns meses, longe do poder, ficasse comprovado que algum auxiliar ou servidor a quem ele impôs a vergonha pública de ser enxotado da gestão, viesse a ser inocentado pela Justiça, naturalmente após passar por um inferno pessoal e familiar, com prejuizos irrecuperáveis para o resto da vida.
Entre o que parecer ser o “certo” e a consciência de fazer o certo, Romero sempre vai optar pela paz de espírito. E é isso o que diferencia um carreirista político de um líder.