A pandemia trouxe grandes desafios para a advocacia. O estudo “O acesso à Justiça durante o período de isolamento social”, mostrou que a suspensão dos prazos judiciais em processos físicos foi o maior obstáculo enfrentado pelos advogados (50,29%) durante a pandemia, seguido pela ausência de uniformização dos atos pelos tribunais (48,61%) e a dificuldade de despachar com os magistrados (44,91%).
No Dia da Justiça, celebrado nesta terça-feira (8), o presidente nacional da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim), Sheyner Asfóra, destacou o papel desses profissionais para assegurar o acesso à justiça e afirmou que apesar de todas as dificuldades, a pandemia do coronavírus está imprimindo uma silenciosa revolução no quesito tecnologia e modernização da justiça fazendo com que os advogados e advogadas se reinventem e possam melhor atender às expectativas daqueles que lhe procuram para o patrocínio das suas defesas perante o judiciário.
“Temos uma série de dificuldades. Mesmo com a crescente virtualização iniciada pelo Poder Judiciário, ainda temos processos físicos o que dificulta o seu acesso pela advocacia em tempos de pandemia onde as unidades judiciárias estão funcionando em horários reduzidos e atendendo por agendamento; em tempos da informática e da automação, ainda temos internet instável e de pouca qualidade em muitas localidades; ainda se registra a falta de familiaridade dos advogados com o sistema PJE; dificuldade de contato com servidores da justiça e de se marcar para despachar com magistrados de forma virtual, entre tantas outras dificuldades enfrentadas no cotidiano. Mas a advocacia, apesar dos pesares e de tantas dificuldades, vem se fortalecendo e mostrando que não há obstáculo que a impeça de ser instrumento de extrema importância na garantia do acesso à Justiça”, disse Sheyner.
A pesquisa foi realizada pela Associação dos Advogados de São Paulo e da Fundação Arcadas e também revela um paradigma profissional. Ao mesmo tempo em que 51% dos entrevistados apontam dificuldade em fazer o peticionamento físico como uma adversidade, apenas 6% revelam ter tido dificuldade com o sistema eletrônico adotado pelos tribunais.