Por Nice Almeida
Já deu para notar, né? Nosso papo aqui é sempre sobre como podemos obter grandes ensinamentos por meio de uma boa leitura. O tanto de reflexão que obras literárias elevadas são capazes de nos levar para grandes transformações. E hoje eu trago um pensamento despertado em mim nas páginas de ‘Caminhos do amor’, mais um da coletânea iluminada de Giovana Pedrosa Guerra, pelo Espírito Luís.
O romance espírita conta a história de dois jovens, Emily e Fred, apaixonados desde o primeiro olhar. Almas a se completarem por um amor transcendente e imortal. Gênios da primazia de corações revestidos pelo perdão, benevolência e indulgência, sentimentos classificados pelo Espiritismo como a caridade tal qual Jesus a conhece.
Mas, o mundo também conhece emoções diferentes das deles, lados obscuros impulsionados por preconceito, egoísmo e orgulho. Na história, os jovens são obrigados a se afastarem, pois os pais da moça rejeitam o namoro, não querem sua filha se relacionando com um homem pobre (materialmente).
O amor é imenso e não corresponde aos impedimentos familiares que os colocam em lados contrários. Os pais de Emily tomam a primeira grande decisão que irá mudar os rumos das vidas dos personagens da obra. Mandam a filha morar na capital, quilômetros de distância do seu amado.
Tempos depois, no entanto, Fred a reencontra, confessa todo seu infinito amor e eles decidem viver esse sentimento grafado nas estrelas, às escondidas. O segredo vem à tona, meses depois, pela gravidez de Emily. Os pais dela, então, tomam a segunda decisão: deserdar a filha ainda jovem. Ela vai ter de lutar sozinha daí por diante.
Fred descobre a gravidez, corre ao encontro de seus amados, mulher e filho. Porém, um acidente trágico o faz retornar à pátria espiritual e a jovem definitivamente se vê tendo que seguir a vida com seu bebê nos braços, mas sem seu amado e seus pais que a abandonam completamente.
A moça não fica sozinha. Bons amigos, anjos de bondade a abraçam e a ajudam no percurso. Contudo, toda decisão tem consequências. Se boas, trazem felicidade. Se más, destinos desconstruídos.
Meses depois, percebendo os equívocos, a mãe da jovem entra em profunda depressão, se entrega, não quer mais viver, adoece e morre para a vida terrena. O pai, se deixa dominar pelo álcool, vê seu negócio falir e sua vida ser derrotada.
Até que a luz do amor de Emily inicia uma profunda transformação na história, que vocês terão que ler, se quiserem saber como ela acaba (rs!).
Tudo isso é só para dizer: como decisões baseadas em orgulho, egoísmo e preconceito podem ser fortes e nos encaminhar por trilhas íngremes. Fico refletindo como aqueles destinos foram modificados pela trajetória de deliberações infelizes que colocaram o amor como último item da lista de prioridades da vida.
Alguns poderão dizer que os percursos feitos estavam na programação daqueles Espíritos, que precisavam vivenciar aquela história. Será mesmo? Quem pode confirmar isso?
Será que na verdade eles não haviam programado outro caminho para andar, mas motivados por decisões recheadas de vaidades ilusórias que colocam aparências sociais e materiais acima de qualquer coisa eles não desviaram o percurso? Será que se os pais de Emily tivessem olhado por apenas um instante para o amor daquele rapaz por sua filha, para sua honradez, tudo não teria sido completamente diferente?
Quantas vezes nos fazemos essa pergunta com relação a nossas próprias vidas, por nos deixar envolver por questões menores, mas agigantadas pelo nosso orgulho?
Quanto poder tem as nossas escolhas na estrada por onde andamos, movidas por um desejo de poder, status e falsas aparências que nos arrancam a chance de sermos verdadeiramente felizes?
Eu já tomei muitas péssimas decisões alimentada por questões assim. Agora, olho para frente e passo a refletir que, daqui por diante, sempre lembrarei dessa história antes de definir meu próprio destino.
A certeza que carregarei diante do meu livre arbítrio será: somente o amor pode ser o melhor guia em cada passo que eu der. Deixando-me ser orientada por ele, certamente minhas deliberações me levarão por estradas muito bem pavimentadas.
