O processo de desertificação no Nordeste é uma realidade e já há a detecção de áreas “áridas”, praticamente desérticas. A preocupação foi aventada pela engenheira Margareth Sílvia Benício, pesquisadora da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos, ao proferir palestra na tarde desta segunda-feira (06), durante o Seminário de Políticas Públicas de Combate à Desertificação, evento promovido pelo Tribunal de Contas da Paraíba, que acontece no Auditório do Centro Cultural do TCE-PB.
Margareth participou do 2º painel de debates sobre “Áreas em Processo de Desertificação”, mediado pelo Auditor Júlio Uchôa, do TCE, e que a necessidade de identificação e monitoramento das áreas susceptíveis à desertificação, buscando meios para subsidiar ações efetivas e urgentes em relação à degradação da região.
A pesquisadora abordou sobre as áreas críticas da região e que apresentam evidências de um processo de desertificação que avança no semiárido nordestino, especificamente no Estado do Ceará. Ela pontuou várias experiências naquele Estado, por meio de mapeamento e imagens de satélite, constatando-se que um percentual de 10,2% do semi-árido cearense experimenta um avançado processo de degradação.
Naquela região, a Fundação faz uma experiência positiva para recuperar as áreas degradadas, através de monitoramento e ações que estão sendo implementadas pelo Estado, através do programa de Ação Estadual, criado em 2010, com esse objetivo, mas essa é uma situação pontual, e se faz necessária revisões pactuadas, inclusive com uma ação nacional de combate à desertificação.
O professor Humberto Barbosa, da Universidade Federal de Alagoas e coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite, reforçou a preocupação dos pesquisadores, e alertou que a região do semiárido vem sofrendo consequências graves. Falou na redução das nuvens, o que denota a falta de chuvas, em paralelo ao aumento da temperatura. “A tendência é a região se tornar árida, como já está acontecendo”, disse ele.
Na sua fala, ele citou as vulnerabilidades, que passam por questões econômicas, tecnológicas, metodologias e formação de recursos humanos, além da situação institucional, devendo envolver providências de ordem vertical e horizontal, com interação entre o governo federal e os estados, incluindo os municípios na escala de importância, no que diz respeito à criação de políticas públicas para a Caatinga.
“O processo de desertificação já atinge em torno de 13% nas áreas degradadas. Precisamos de uma política para a Caatinga, monitoramento e qualificação de recursos humanos para buscar os meios e os controles que podem trazer equilíbrio”, disse ele, ao alertar que a combinação de secas com altas temperaturas afeta a qualidade da água, prejudicando os mananciais, com reflexos graves na saúde das pessoas que vivem na Caatinga.