As aulas das crianças e as reuniões de trabalho passaram a ser de forma remota e o encontro com os amigos e familiares agora acontece pelas telas. A pandemia do novo coronavírus trouxe uma série de novos hábitos e alguns problemas a serem enfrentados: um deles está diretamente ligado ao uso excessivo das telas, que tem provocado cansaço físico e mental.
A professora de inglês, Élida Cazé, é uma dessas pessoas que têm necessitado se readaptar. Ministrando aulas pela manhã e à tarde e durante a noite fazendo uma especialização, ela afirma que já sente a diferença. “Antes da pandemia já usava as telas, mas apenas para o preparo das aulas. Agora o uso foi intensificado, já que estamos desde março com aulas sendo ministradas de forma remota”, relata.
Uma reportagem da BBC Worklife trouxe o termo “Zoom fatigue”, que nada mais é que um estresse causado pelas reuniões virtuais, em sua maioria realizadas pela plataforma Zoom. O psicólogo da MedPrev do Hapvida em João Pessoa, Andersson Felipe, explica que a linguagem corporal fala muito e em casos de “Zoom Fatigue” os indivíduos ficam impossibilitados dessa prática e isso acaba afetando grande maioria do público. “O gasto excessivo de energia durante o dia com essas práticas, acaba sendo um elemento significativo, deixando-nos cansados no fim do dia, dando uma sensação de estar com as energias esgotadas e corpos machucados”, esclarece.
Esse impacto mental e físico que o psicólogo aborda já é sentido pela professora de idiomas. “Dor de cabeça, vista cansada (já usava óculos antes), olhos ressecados, dor na coluna, estresse e fadiga são alguns sintomas que sinto demais”, narra Élida.
Andersson afirma que o tempo de conexão com as atividades laborais associadas às demandas de trabalho com as de casa e filhos, tudo em um mesmo espaço, podem provocar um estresse maior. “Os excessos nunca foram favoráveis para a saúde mental. Faz-se necessário procurar um lugar dentro de si, para reunir força e conciliar cada momento e situação. É muito importante a família e ciclos de amizades nesse processo, busca por esse tempo em que se faça outro tipo de coisa que não atividades laborais para fomentar uma estabilidade mental saudável e benéfica”, pondera.
Dentro deste processo, o psicólogo lembra que nem todas as pessoas que estão precisando demandar dessas funções, no momento, estão preparadas e assegura que os desafios são muitos, desde a mudança de rotina, adaptação a novas formas de exercer a atividade do dia a dia. “É um momento atípico que estamos vivenciando, bem como uma prática nova diante a necessidade”, reflete.
Minimizando os danos
Enquanto houver pandemia e o distanciamento social ainda for a melhor medida para combater a propagação do coronavírus, o home office, as aulas virtuais estarão presente na vida dos indivíduos. Porém, como não se pode fugir dessa realidade, a melhor saída é buscar minimizar os danos ocasionados, organizando melhor o tempo para evitar estafa mental ocasionando fadiga, crises de ansiedade, cansaço crônico e estresse.
“Manter uma boa convivência com familiares e procurar aliviar a mente com coisas que favoreçam o bem-estar – ouvir músicas, praticar algum tipo de atividades física nas dependências da sua residência, não se cobrar demais, buscar o equilíbrio para saúde mental, respeitar seus limites- intercalando com suas obrigações e deveres, são alguns dos princípios fundamentais para prevenção”, orienta o especialista.
Dentro dessa recomendação do psicólogo, a professora de inglês, Élida Cazé, tem buscado adotar algumas atitudes para manter a saúde em ordem. “Dar pausas ao longo das atividades, para minimizar os problemas com a visão utilizo lágrimas artificiais e estabeleci horários para preparação das aulas”, compartilha.