Por Nice Almeida
Para certas perguntas feitas por Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, a resposta é a mesma: que nós ainda não temos a capacidade de compreender a problemática sugerida e, portanto, o esclarecimento ainda não será acessado. Um traço evidente de que, devido à nossa imensa ignorância [no sentido de desconhecimento], por enquanto, os Espíritos só puderam nos revelar algumas poucas verdades.
Um assunto, contudo, não fica sem resposta. É quando fala-se sobre os anjos no livro Céu e Inferno, também da codificação Espírita. “Os anjos são, pois, as almas dos homens que atingiram o grau de perfeição acessível à criatura e gozam da felicidade prometida”.
Oh! Eu tenho que discordar em uma coisa. Não precisamos esperar o grau de perfeição para nos tornarmos anjos. É possível sim fazer esse papel ainda aqui na Terra, apesar de nossas imperfeições. É que há muito mais entre o Céu e a Terra, ou entre nosso parco conhecimento e a verdade absoluta das coisas, que supõe a nossa vã filosofia.
Para quem está torcendo o nariz com essa minha afirmativa faço agora uma pergunta: Se você estivesse acometido de uma doença grave e soubesse que para seus últimos dias só lhe restam cuidados paliativos, e em meio a essa realidade encontrasse uma pessoa absolutamente desconhecida que lhe tratasse com afeto, doçura, delicadeza… com muito amor, lhe entregasse paz e felicidade nestes instantes finais, que nome você daria para essa pessoa?
Espera… eu ouvi a palavra anjo na resposta?
Não importa quão profundo possa ser o significado de anjo no conceito apresentado pelo Espiritismo. Para quem se depara com um, aqui nesta vida, anjo é qualquer pessoa capaz de fazer o bem e ponto!
Um exemplo prático. Quando a senhora M. diz a doutora Ana Claudia Quintana Arantes que há um anjo perto dela a lhe estender as mãos, a visão espiritual da paciente trazia uma explicação simples: aquele anjo estava ali, ao lado da médica, porque encontrou nela grande afinidade. São seres muito semelhantes.
O fato é narrado na página 33 do livro ‘Histórias lindas de morrer’, escrito por dra. Ana Claudia, a quem eu prefiro chamar de anjo.
Em suas mãos banhadas pelo perfume da ‘Rosa Mística’, pacientes que, segundo a literatura médica, não poderiam chorar… choram! Pacientes que, segundo a literatura médica, não podiam mais falar… falam! Os que não poderiam comer, comem, os que não poderiam andar, andam, os que não deixariam de sentir dor, deixam! Todos eles sob os cuidados paliativos da dra. Ana Claudia e seus pupilos residentes.
Diante de fenômenos extraordinários, por não se encontrarem encaixados no que se conhece como possível, a pergunta que redunda de muitos familiares desses pacientes é: já estamos no céu?
É que, para muitas crenças, apenas no céu é factível nos encontrarmos com anjos. Mas, ali no ‘Hospice’, onde a médica e sua equipe concedem os melhores últimos dias aos seres humanos que têm a sorte de se encontrar com eles em leito de morte, há anjos por todos os lados.
Alimento a crença de que se esses cuidados fossem utilizados em pacientes com grande expectativa de vida, estes se curariam dos problemas físicos com muito mais facilidade e rapidez. Questiono-me porque a medicina trata assim apenas os pacientes paliativos? E por qual motivo essa forma de enxergar os cuidados com doentes do corpo ainda não é uma regra, e sim uma exceção?
Por muitas vezes em minha vida, comentei sobre o sonho de conhecer lugares como Paris, Londres, Portugal. Agora, é nutrido em mim o desejo de conhecer um só lugar: o céu do ‘Hospice’ e o anjo Ana Claudia Quintana Arantes.
Como ela mesma definiu, na página 110 do mesmo livro, o ‘Hospice’ é um lugar onde os pacientes em condição de tratamento paliativo têm todo conforto e vivem cercados por uma equipe cuja especialidade é oferecer a melhor vida possível quando o fim se aproxima.
Na alma da médica, a absoluta certeza de que, diante da morte, as pessoas só precisam conhecer um sentimento: a felicidade! Ser feliz promove cura, não a cura que nossos olhos materiais percebem, sim a cura do Espírito. Espírito em processo de cura, perdoa, se arrepende e pede perdão, aprende a amar, se refaz, se reconstroi, e isso tudo conta sim para o despertar da consciência em uma nova vida, a espiritual.
A música Espírita de Beto Melo nos diz que “um dia todos nós seremos anjos”. Para que esperar esse dia aparentemente tão longe de chegar? Eu quero ser anjo agora!
Uma das maiores e melhores lições que tenho aprendido com AnaMi e dra. Ana Claudia é que quando a morte vier me buscar, ela vai me encontrar viva. Mais que isso, vai me encontrar tentando ser anjo na vida de alguém.
Que todos os dias possamos acordar com um único pensamento em mente: ser anjo só por hoje, como o ser humano Ana Claudia é!
















1 Comment