Por Nice Almeida
Elas sentaram uma ao lado da outra. Estavam agitadas com o planejamento que o momento exigia. Diante de meus olhos a imagem fidedigna da concretização do ensinamento do escritor e poeta italiano Luciano De Crescenzo a nos dizer que “somos todos anjos de uma asa só, e só podemos voar quando nos abraçamos uns aos outros”.
Minha visão espiritual embaçada de repente se tornou clara. Consegui perceber a cena com muita precisão. Duas asas gigantes estavam ali, fundidas, em uma simbiose que nem mesmo os mais avançados cientistas conseguiriam explicar.
Ana e Maria! No dia seguinte à visão acordei pensando: como esses dois nomes são importantes na história da humanidade. Ana a avó Jesus. Maria, sua Mãe. Nossa mãe.
Fiz uma busca em meus arquivos mentais. Não era a primeira vez que via ali, bem diante de mim, àquelas forças admiráveis. Mulheres! Donas do amor, de um amor incondicional.
Desde o tempo em que se anunciava a vinda do Cristo à Terra, estava ali, na mulher, o terreno fértil, literalmente fértil, indicando sempre o início de uma grande semeadura. Plantação livre, colheita obrigatória.
Ana e Maria. Os dois nomes da minha atual convivência provavelmente se originaram na crença da estrutura solidificada da avó e da mãe do Cristo. E como foram certeiramente bem escolhidos para essa dupla de mulheres da atualidade.
A força da terra que, quando bem arada, frutifica e floresce. Nelas, mais que asas, vejo árvores frondosas abastecidas de muitos bons frutos.
Falando quase que simultaneamente dava para entender a visão das asas em simbiose. Foram forjadas na mesma fornalha, o campo da fé e do amor. Dividem missões idênticas, edificar cidades de flores.
Abriu-me, portanto, a curiosidade de ler Luciano De Crescenzo. Segundo o Google, a frase que denota a ideia de que sozinhos, com uma única asa, não somos capazes de “voar”, está escrita no livro ‘Così parlò Bellavista’ (Assim falou Bellavista).
A imagem da conexão de Ana e Maria fortalecendo as próprias asas rumo ao voo da esperança, me fez viajar sobre uma leitura ainda desconhecida, cuja frase já reflete um pensamento alargado sobre a vida em sociedade. Uma sociedade embrutecida suplicando liberdade para voar cada vez mais longe e cada vez mais alto.
O desenho da cena delas, as linhas da frase, o espetáculo das palavras. Uma união de asas a despertar o desejo de buscar no abstrato da literatura a concretização de um mundo melhor, planificado por Ana e Maria.
