Pesquisadores do projeto Aves de Noronha realizam, na ilha, a primeira fase de trabalho para coleta de material neste ano. O estudo analisa espécies terrestres e marinhas ameaçadas de extinção para avaliar a situação delas, indicar ações de preservação e criar um observatório. Uma das aves capturadas recebeu o nome de Juliette, em homenagem à participante do reality show Big Brother Brasil (BBB) 2021.
A pesquisa busca envolver moradores e turistas, com informações e apresentação do trabalho. As aves capturadas ganham nomes que ajudem a aproximar as pessoas dos animais. Por isso, uma ave da espécie sebito ganhou o nome da paraibana, que é um dos destaques do programa e soma mais de 16 milhões de seguidores nas redes sociais.
“Juliette é nordestina, mulher arretada. Quando capturamos esse sebito, a ave estava brava. Por isso, fizemos essa homenagem. Esperamos que a Juliette do BBB venha a Noronha para observar a Juliette insular”, afirmou a bióloga Cecília Licarião, coordenadora do projeto.
Aves são avaliadas na pesquisa — Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo
As espécies analisadas na pesquisa são sebito, cocoruta, rabo-de-junco-de-bico-amarelo, rabo-de-junco-de-bico-vermelho, pardela-de-asa-larga e o atobá- de-pé-vermelho. O projeto é uma das ações do Instituto Espaço Silvestre, que é sediado em Santa Catarina.
Nessa primeira fase, os pesquisadores instalaram redes de neblina, na área do Parque Nacional Marinho, para capturar sebitos (Vireo gracilirostris) e cocorutas (Elaenia ridleyana), que são o foco principal dessa etapa inicial.
Essas duas espécies são endêmicas, o que significa que elas só podem ser encontradas no mundo em Fernando de Noronha, de acordo com os estudiosos, que acreditam que existem cerca de dois mil sebitos e cocorutas na ilha.
As aves recebem as anilhas, que são marcações similares a anéis. “Com as anilhas, é possível identificar as aves. A gente quer saber como a população dessas espécies se locomove, aonde vão, qual alimento consomem, com quem namoram e quantos anos elas vivem”, disse Cecília.
Os dados das aves são catalogados — Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo
A pesquisadora informou que esse é um projeto a longo prazo. A ideia é comparar dados colhidos, ao menos, por dez anos, pois uma ave vive, em média, doze anos.
O trabalho de campo começou no dia 18 de março e segue até 6 de abril. A expectativa inicial era capturar 50 aves nesta temporada. Até esta segunda-feira (29), foram capturadas 48 aves. Os estudiosos ficaram animados com os resultados e querem fazer o maior número de capturas possível.
Os pesquisadores fizeram uma análise inicial dos animais. “Nossa avaliação é que o estado de saúde é muito bom. Essas aves estão na área do Parque, uma região protegida. Elas estão saudáveis e dispostas, aparentemente estão em excelente estado”, declarou Cecília Licarião.
Aves ameaçadas de extinção recebem anilhas de identificação — Foto: Ana Clara Marinho/TV Globo
A captura é feita, entre outros locais, na Praia do Sancho. Os pesquisadores colocam quatro anilhas coloridas nas aves, mas explicam que essas identificações não prejudicam os animais.
“Nos trabalhos científicos, os adereços não podem pesar mais que 3% do peso do animal. Nós temos esse cuidado para não prejudicar os animais”, contou a coordenadora.
Segundo os pesquisadores, um sebito pesa, em média, 10 gramas e uma cocoruta tem o peso de 20 gramas. As quatro anilhas representam 2% do peso do sebito e menos de 1% do peso da cocoruta.
Os pesquisadores identificaram, em Fernando de Noronha, 90 espécies de aves terrestres e marinhas. Algumas delas são migratórias e, desse total, 17 espécies são consideradas residentes.
Do G1 Pernambuco